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Alguns de vocês devem se perguntar por que eu explico, em detalhes, como tem se dado minha conversão à religião, um processo que já leva alguns meses e que realmente eu sinto que tem transformado minha vida. E confesso-lhes que não sei bem por quê.

 

Sei apenas que algo, em meu interior, me diz que eu devo, e que preciso por enquanto explicá-lo só aqui, neste grupo, sendo lido por pessoas que eu acredito já bastante próximas à religião ou que pelo menos não têm uma posição distante demais a respeito dela.

 

Hoje mesmo, quando estava na missa, e quando pela primeira vez me senti bem nela, realmente envolvido por aquilo que acontecia, cheguei a pensar a respeito.

 

Eu frequento o Santuário de Santa Terezinha, no Taboão da Serra, no começo da BR-116, que é bastante frequentado, e cuja relação comigo passou por diversas fases, pois eu estranhava algumas coisas, estranhava as canções cantadas, estranhava muita coisa mesmo, e não conseguia me deixar levar pela missa, embora eu a frequente já há um bom tempo.

 

Ocorre que hoje, este domingo, eu finalmente entendi sua missão em minha vida - refiro-me à missão da missa -, e com isso que eu não irei mais ser tão fanático ao passar lá, ao frequentar o templo e participar de tantos outros cultos, como tenho feito. Pois sinto em mim agora uma certa maturidade, e uma maturidade que me leva a simplesmente levar a vida como cristão que quero ser, sem exageros ou arroubos demais, de minha parte.

 

Simplesmente virei apenas um cristão, como todos, cuja fé não é testada tanto assim, como para as pessoas que se sentem perigando, e que sente sua fé amadurecendo no culto, e nas breves passagens na Igreja, assim como nas leituras e vídeos que vê para amadurecer.

 

Note-se que eu TINHA a intenção de divulgar isto tudo, futuramente, enquanto livro, mas que essa intenção PASSOU. Hoje mesmo pensei nisso, pensei que eu queria divulgar tudo aquilo por que passava, mas pelo gesto mesmo de fazê-lo, deixando para Deus a eventual possibilidade de algo acontecer. Até porque nem sei se o que escrevo tem suficiente mérito para ser tão divulgado assim.

 

Meio que caí na real. Pois o fato é que vejo as pessoas ao meu redor, distingo tudo aquilo em que elas crêem, conheço-as melhor e nem considero que eu acredite tanto assim, ou que tenha tanto mérito quanto antes imaginava. Porque ainda continuava sendo aquele garoto que se achava superior aos outros, que achava que sabia mais, e que achava que por isso mesmo merecia mais.

 

Mas hoje isso tem mudado. Não me vejo mais inteiramente assim. Ao contrário, identifico claramente quando isso acontece, e tendo a duvidar do que penso nesses momentos, assim como tendo a me olhar de forma mais compassiva, como um sujeito que se acha, apenas, que nada de tão bom tem assim a oferecer. Porque o mundo é composto de tanta gente legal, por que é que seria EU A OFERECER algo realmente diferenciado? Dificilmente. 
 

Mas, tudo bem. Tendo eu relativizado tudo o que pensei, agora começarei minhas reflexões a respeito da missa.
 

Ocorre que minha relação com a missa passou por muitos momentos. Passou por estranhamentos, dificuldades de entrosamento, coração fechado, insistência em não cantar o que estava sendo cantado, relutância em assumir gestos de louvor durante ela, assim como por situações em que eu queria mais é ir embora, sumir, desaparecer, e em que não aguentava mais aquilo tudo.

 

Só pensava quando aquilo iria acabar, ou quando iria chegar o momento da comunhão, e em que eu finalmente iria me sentir livre daquilo. Porque realmente pensei tudo isso, e foi aos poucos, em diversas ocasiões e momentos, e aquilo que tornava dividido, e me afastava da cerimônia, dos momentos e mesmo das pessoas, por motivos que hoje considero fúteis. Mas não posso negar que passei por tudo isso.

 

Esses momentos me afastavam e não me faziam sentir bem durante a cerimônia. Claro, eu já havia comungado, já me sentia aceito na comunidade cristã, mas algo parecia ainda me afastar. Não sabia bem o que era isso. Não era discordância quanto a como as coisas avançavam na cerimônia, propriamente dizendo.

 

Era uma espécie de relutância em me entregar, em me deixar levar por aquilo. Hoje isso desapareceu. Não totalmente, mas em 90% do tempo eu agora me sentia bem. E como em todo o processo acho que agora a sensação veio para ficar. 
 

No prédio em que eu moro, existem diversos rondas, que fazem parte da mesma família. Esses rondas ficaram meus amigos, e tenho conversado com frequência com eles. Um deles, chamado César, que hoje encontrei, me disse que minha relutância é coração fechado. Achei estranho na hora, mas cheguei a concordar facilmente. Era simplesmente uma relutância por incapacidade de me entregar em toda a inteireza do meu ser. Guardei isso comigo.

 

Note-se que eu continuo lendo os Evangelhos, me emocionando e ouvindo vídeos diversos sobre religião. Ou seja, não sou mais aquele cara fechado, que não se deixava influenciar por aquilo que a religião tinha a me oferecer. Mas guardei aquilo comigo.

 

Ocorre que o César ficou insistindo para que eu fosse no culto dele, e estou bastante longe de frequentar diversas linhagens de cultos ou missas, para ver de qual eu simplesmente gosto mais, até porque tem atendimento e alguns aspectos que não me agradam muito, só de ouvir falar. Mas me informei quando ocorrem e guardei tudo comigo.
 

Estes dias, tenho tentado me orientar nos horários, mas sempre sem sucesso. Acabo me exigindo demais, e acabo capotando ou dormindo demais, ou acabo dormindo muito tarde, e isso também me faz acordar tarde demais. Seja como for, eu queria ir à missa da manhã e não consegui, o mesmo acontecendo para as missas de 10h e 15h (isso, de domingo).

 

Ocorre também que eu adoro me vestir para ir à missa, porque sinto que quando me cuido (isso só aconteceu uma missa antes desta de domingo) eu me sinto realmente bem, e me sinto me valorizando como aquela pessoa que realmente sou. Não vou com terno, que fique claro, eu me visto com uma calça limpa, tomo um bom banho antes e me coloco um blazer bonito, assim como um sapato social que faz com que eu encare a situação com a inteireza que eu realmente quero.

 

Mas seja como for, não consegui ir de manhã e já era tipo 17h30 e eu pensava se iria na missa das 19h. Tinha muito a fazer, mas algo me chamava, e algo me dizia que eu tinha que ir.

 

Por outro lado, cheguei a pensar que se eu ficasse eu casa e me cuidasse melhor eu talvez fizesse mais para Deus do que simplesmente indo a mais uma missa. Eu estava nessa dúvida quando desci e perguntei a uma pessoa algo a respeito. Não obtive a resposta que eu queria, e entendi que tudo dependia essencialmente de como eu realmente me sentia. Me sentia querendo aquela missa, essa mesma, mais do que as outras, me aprontei e fui. 
 

No caminho, encontrei um dos rondas, que está tendo problemas na família, de saúde, com a filha de um ano, e falamos um pouco. Senti-me forte, tendo algo realmente a dizer e a aconselhar, e cheguei no Santuário. Estava bem lotado, e havia muitos jovens - vim a saber que era porque havia um grupo de jovens a ser formado na ocasião -.

 

Fiquei como sempre no meio de algumas pessoas que poderiam não me influenciar demais, seja com muita fé ou que estivessem falando com outras pessoas, e fui me sentindo à vontade. Cheguei a sentir calor, por causa do dia, e a tirar o blazer, mas depois o coloquei de novo. Aos poucos, a missa foi começando, e eu fui me abandonando àquelas canções, várias das quais eu não conhecia.

 

A cerimônia demorou bastante, foi acontecendo bem aos poucos, mas eu não sentia isso acontecendo, ou seja, essa lentidão. Reparei que um casal que ficou ao meu lado parecia bastante estranho, por um lado bastante relutante em se abandonar aos momentos de comunhão, mas por outro lado bastante convicto do seu papel ali, um casal de gente comum, e de um homem que parecia ter um emprego bastante humilde mas íntegro, que parecia se congratular com alguns momentos de forma que eu próprio não conseguia.

 

Entendi que ele tinha o jeito dele de lidar com aquele fenômeno todo, e que ele poderia ter uma religiosidade muito maior que a minha, sem eu o saber. Fui entendendo-o como uma espécie de irmão, uma pessoa que acreditava no mesmo que eu e meu espírito foi ascendendo, deixando as relutâncias de lado e assumindo a crença que ele já tinha em si, mas que ele parecia ter dificuldade em apresentar.

 

Fui entendendo como tudo batia, e entendia que as mensagens do padre que conduzia a cerimônia realmente entravam em mim, e que não eram mensagens simplesmente vindas de um saber mundano, mas que eram algo que batiam fundo em mim, embora não tivessem a atratividade que muito do raciocínio não ligado à religião tem.

 

Note-se que gosto de autores difíceis, mas que ao mesmo tempo eu não ligo mais tanto para o fato de precisar jogar tudo aquilo que ainda não sei para fora; pois como que agora assumo com maior integridade o lugar que me cabe, e não me meto a opinar sobre o que não sei. Tenho sofrido uma espécie de banho de humildade, no geral, e essa sensação tem dominado meus dias, assim como os momentos em que passo por dificuldades em casa.

 

Noto-me mais como eu realmente sou. E esse meu crescimento humano me faz aceitar a missa de uma forma mais plácida, sem que continue mantendo distâncias a respeito - e noto agora que parte do motivo para aquela pessoa não frequentar as missas deriva de uma espécie de relutância advinda de um saber humano, algo que eu noto agora, não deve ser misturado com o saber religioso.

 

Claro que podemos e devemos refletir e pensar a respeito, sempre, mas não por isso devemos colocar algo acima de outra coisa. Simplesmente devemos nos abandonar a algo em que nosso coração resolva confiar, e isso é feito por uma assunção de fé, algo bonito, que nos faz subir, ascender, ter maior qualidade espiritual. E isto fui sentindo durante a missa, e isso foi me fazendo levantar e perceber noções não intelectuais às quais antes eu parecia estar fechado.

 

Não me sentia mal ao cantar, ao contrário, me sentia bem, abandonado à fé, sem que com isso eu estivesse cego por ela. 
 

Eu já começava a sentir melhor a missa em mim. Comunguei, e me senti bem com isso, mas a cerimônia e a ocasião não eram mais tão importantes para mim.

 

Importante era que eu estava presente, que eu sentia a fé em mim, que ela me fazia sentir bem, e que eu começava a cantar com louvor, e até mesmo a sorrir por situações que passavam na minha frente, relativas àqueles jovens, às pessoas presentes, e mesmo a tudo o que me rodeava.

 

Eu sentia ou começava a me sentir como numa família cristã, estando sozinho, sem conhecer ninguém, e percebendo também como determinados momentos, de cumprimentar as pessoas, e desejar louvor, poderiam ser consideradas com certa dificuldade, mas uma dificuldade que agora eu não percebia. Eu abraçava abraçando, realmente, não pro forma, como uma mera formalidade.

 

E era eu que me metia a exigir de alguma forma o abraço sincero. Era algo bonito o que acontecia, comigo, e que me fazia lembrar como eu havia sido antes, uma pessoa compassiva, forte, animada, e mesmo alegre, algo que fui abandonando.

 

Essa sensação foi se estendendo durante toda a cerimônia, e ao final eu saí como todos, não antes nem depois, e me considerando parte daquela leva de gente, nem superior nem inferior, nem julgando o meu lugar a depender da capacidade ou mérito aparente daquelas pessoas. Ao contrário, eu saía como qualquer um sai de uma Igreja, após uma missa. Eu me sentia bem. 


Bom, eu tinha de compartilhar isso com vocês. Não sei por que faço tudo isso, mas não é para me exibir nem porque ache que tem um mérito especial. Simplesmente porque eu sentia que devia. Obrigado.

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