top of page

Porque os liames se rompem - e se reanudam

Já se passaram quase 7 anos, mas somente agora começo a me desvencilhar finalmente da imagem e da pessoa da Cris. É curioso como isso acontecendo, reparando naquilo que os livros e as músicas me dizem, e naquilo que ela não me diz. Mas por outro lado algo ficou.

No caso das músicas, já consigo avaliar criticamente tudo o que acumulei este tempo todo, e vislumbrar um espaço de sensibilidade para mim que não está restrito à imagem que eu tinha de mim mesmo. Sou mais complexo, sou mais avançado, sou mais sutil. Aspectos de que eu me havia esquecido, no processo em que me metera.

No caso dela, percebo o quanto seu jeito era para baixo, ao mesmo tempo sutil e bonito, mas também decepcionante. Não aturo gente assim, pelo visto. Não posso aturar. Meu jeito é de lutador, e considero que a vida está para ser vivida com ênfase determinada, e não apenas para ver as paisagens se acumulando em meio à nossa memória.

Mas ela não era assim. E não é. Ela simplesmente é mais limitada, mais comedida, e prefere se ater àquilo que vê para curtir do seu jeito todo sutil. Eu até gosto disso, ao menos em parte. Mas isso não faz a mim mesmo. Sou feito para mais, ou para algo diferente, em outra direção. Por outro lado, como me perdi, eu também entendo que não sei bem o que eu busco, ao menos atualmente. Espero que Deus possa me guiar nesse esforço.

Curioso que ao mesmo tempo eu meio que sinto as ligações passadas assumirem a verdadeira dimensão, e aos poucos eu também sinto meu destino começando a ser traçado por minhas atitudes reais, sem ter tanto medo daquilo que irá me esperar. Eu me reconheço em antigas ligações, mas mais que isso me identifico com algo que eu sou e que não precisa ser determinado pelo passado. Noto isso de forma insistente, e que chega a me comover, mas no que há de mais profundo em mim mesmo, apenas. Na aparência, continuo o mesmo.

Vejo-a se afastando, finalmente, enquanto eu me aproximo de mim. Vejo-a se assumindo como aquela moça que foi importante para mim, muito importante, mas que não tinha realmente muito a me dizer. Noto também que minha fuga nas músicas e nos vídeos derivava de eu não ter nada com que dialogar. E que a arte havia sido escolhida por mim para isso. Sem perceber que ao fazer isso eu estava me afastando ainda mais dela. Até que tudo se rompeu.


Destaque
Tags
Nenhum tag.
bottom of page